quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Um causo dos mais malucos

Todo mundo, ao longo da vida, passa por experiências diferentes, que vale a pena guardar. Algumas, mais curiosas, são boas de contar. Viram casos. Aquelas coisas que voltam a aparecer, volta e meia, em rodas de conversas.
Se for bom mesmo, especial, é um causo!
Já falei por aqui, em um post passado, que me deram por destino o ser gauche na vida.
Ainda não contei neste canto, mas muitos amigos já ouviram, alguns mais de uma vez, uma fala que uso, para levar a uma reflexão sobre a vida. Costumo pedir, a cada pessoa, que pense que título daria para um livro que contasse a sua trajetória, que registrasse o que ela viveu. E digo que o meu, há muito, já está escolhido: "Histórias incomuns de uma pessoa comum".
Pois sou completamente comum. Nem alto nem baixo, nem gordo nem magro, nem feio nem bonito, vai por aí... Mas as histórias ao longo da minha vida, nestes quase 60 anos, nada de comum!
Tem de tudo, do cômico ao trágico.
Assim na vida, assim na cozinha.
O causo de hoje, tem mais de vinte anos de acontecido e só aparece no nosso blog porque o prato era parecido com o da receita, uma tentativa mais antiga, refinada para o atual.
Estava preparando uma festa, da maior importância, para pouco mais de 120 pessoas, e resolvi fazer das minhas.
Procurei o buffet (dos mais tradicionais, o Célia Sotto Mayor), conversei, insisti, convenci. Eles ficariam com o grosso da festa, com os salgados e bebidas, os doces, mas o jantar seria meu.
Coisa de maluco, com certeza!
Vejam vocês, no dia da festa eu tinha compromissos, até as 15:00, quando já não seria hora de começar (como dono da festa, às 20:30 eu tinha que estar pronto, limpo e cheiroso, recebendo os convidados). Assim, tudo teria que ser feito de véspera! Para agravar, a festa era na casa dos meus pais, um casarão gigante, perto do BH Shopping, mas sem cozinha industrial.
Bom, véspera da festa, panelões alugados, a empregada da minha mãe a postos para ajudar, lá vou eu, preparo tudo, terminando lá no começo da noite.
Era um frango ao curry, e estava delicioso, juro!
Deixei lá, dei as minhas instruções, fui embora tranquilo, dever cumprido.
Na manhã da festa, acordei, fui cuidar dos compromissos, sossegado. Quando me liberei, nem sei por que motivo, resolvi passar na casa dos meus pais, conferir as coisas.
Cheguei, olhei daqui e dali, entrei na cozinha, fui dar uma olhadinha nos meus panelões.
Desastre! Desastre!!!
A comida estava perdida, azeda (depois fui saber que as empregadas resolveram provar, acharam bom, colher daqui, colher dali, estragaram tudo).
Três da tarde, pouco mais de cinco horas para a festa, 120 pessoas para jantar...
Comecei a pensar o que fazer. Aquele cardápio não dava, não havia tempo. Mas eu tinha os acompanhamentos, podia usar. Pensei outro menu, mais rápido, mas bacana, vamos que vamos.
Peguei o telefone e comecei a ligar para o pessoal que me atendia nas minhas compras, todos do Mercado Distrital do Cruzeiro. Encomendei um tanto de filet mignon, inteiro e limpo, arrumei champignon fatiado (baldes), creme de leite fresco, vinho moscatel, passas, cebola já picada, cheiro verde.
Na hora do jantar, meu rosbife com molho moscatel e champignons foi um tremendo sucesso.
E ninguém suspeitou, sequer, que quase ficou sem jantar.
Quanto aos pratos, o frango continuou na minha lista, foi evoluído, muito, é a receita de hoje. E o rosbife, que eu adoro, vem qualquer dia desses, basta aguardar.


Peito de frango ao curry suave de maçãs

Cortar o filé de peito, bem limpo, em cubos de cerca de 1cm.
Temperar com sal, uma pitada de curry, um pouquinho de shoyu (só para colorir), pimenta do reino e sakê culinário (o suficiente para ficar molhado, sem muita sobra). Deixar marinar por cerca de 1 hora.
Em uma panela de fundo grosso colocar um pouco de azeite e manteiga e fritar os cubos de peito de frango, dourando-os bem, sem deixar dar água, para não cozinhá-los, acrescentando uma pitada de curry, quando estiver perdendo o aspecto de cru, e um pingo de shoyu. Reservar.
Refogar, na manteiga, um pouco de cebola cortada em pétalas, com uma pitada de curry. Reservar.
Colocar na panela uma colher de manteiga e fritar uma colher de chá de curry (quando fritamos o tempero seco, seu sabor se acentua). Acrescentar creme de leite e leite de coco (na proporção de 2 para 1). Corrigir o sal e o curry, deixando suave.
Para finalizar, acrescente maçã seca (eu gosto muito da que tem no Verdemar), cortada em pedaços de 1,5cm, a gosto, deixando ferver 2 minutos e juntando os cubos de frango e as cebolas. Engrosse o molho com um pouco de maizena, bem dissolvida em leite.
Decorar com cebolinha verde fininha (na foto, um preparo de serviço, com fatias bem finas de maçã, passadas no limão, completando a decoração).
Como acompanhamento, arroz branco, normal, ou arroz de jasmim (ideal).

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